Quando observamos receitas e despesas do ponto de vista patrimonial, estamos tratando de como essas movimentações afetam o patrimônio de uma entidade pública. Conforme orientado pelo Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), podemos entender a receita patrimonial como qualquer incremento nos ativos ou redução nos passivos que resulte no aumento do patrimônio líquido, o que é tecnicamente chamado de Variação Patrimonial Aumentativa (VPA). Por outro lado, uma despesa patrimonial é percebida como uma diminuição nos ativos ou um aumento nos passivos que leve à redução do patrimônio líquido, conhecida como Variação Patrimonial Diminutiva (VPD).
É importante destacar que essas variações patrimoniais — aumentativas e diminutivas — diferem dos conceitos tradicionais de receita e despesa orçamentária. A receita e a despesa orçamentária estão relacionadas com o orçamento aprovado para o ano fiscal e se referem ao planejamento e ao controle financeiro. As VPAs e VPDs, por sua vez, podem ocorrer como resultado da execução desse orçamento, mas também podem acontecer independentemente dele.
As mudanças no patrimônio líquido incluem não só os resultados obtidos pela execução orçamentária, mas também variações que não dependem da realização do orçamento. Estas podem ser devidas a eventos como superveniências (quando surgem novos ativos ou se reduzem passivos sem relação com as receitas orçamentárias) e insubsistências (quando ativos desaparecem ou obrigações são criadas sem que haja uma despesa orçamentária correspondente). Essas variações patrimoniais refletem um panorama mais amplo e realista das finanças públicas, pois capturam todos os eventos que alteram a riqueza de uma entidade, seja qual for a sua origem.